O blog do Dadinho Paranaense homenageia hoje nosso Filé, trazendo abaixo a matéria completa com todos os detalhes e fotos que embasou a coluna "Figurinhas do Nosso Futmesa" que foi publicada na edição 3 da Revista Eletrônica TEM CHUTE NEWS (edição de novembro).
Filé – A Enciclopédia do Futebol de Botão Paranaense
A
paixão pelo futebol de botão começou cedo para o pequeno catarinense
Luiz Carlos, quando já apaixonado por futebol, suas primeiras lembranças
foram a frustração de ouvir de seus pais a tragédia brasileira na final
da Copa de 1950 no Maracanã, poucos dias após seu aniversário, e a
brincadeira de tampinhas de bebidas com as mãos, quando já fazia seus
primeiros golaços.
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Centro de Florianópolis nos anos 50 - ali Filé fez seus primeiros golaços!
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A primeira rivalidade foi criada ali mesmo no
centro de Florianópolis, onde residia na Rua José Boiteux. Torcedor do
Avaí, a alegria maior de Luiz Carlos era derrotar o amigo de infância
Lídio, torcedor do Figueirense. O rol de amigos do bairro foi se
multiplicando e a brincadeira com as tampinhas nos anos 50 logo se
transformou em campeonatos, disputados no porão da sua casa, até que um
dia, sensibilizado por ver essa turma de amigos brincando no chão, um
vizinho os presenteou com um pedaço de compensado, que passaram a
utilizar como mesa para os jogos: era o futebol de mesa chegando na vida
do pequeno “Babá”, apelido carinhoso dado pelos amigos em razão de ele
jogar futebol com os adultos e, ainda, como homenagem ao jogador
cearense Mário Braga Gadelha (Babá) que brilhou no Flamengo a partir de
1954.
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Filé foi apelidado de Babá na infância, em referência ao baixinho jogador do Flamengo - Mário Gadelha - que tinha esse apelido
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Foi aí que conheceu uma turma de amigos mais velhos no
bairro (Nilmar Bittencourt e Luiz Carlos Culica) que já tinham começado a
jogar futebol de botão no porão de suas casas com botões de roupas em
mesas improvisadas com pedaços de compensado sustentadas no encosto de
cadeiras de madeiras. Nessa época começou a jogar com o Fluminense, time
do qual passou a ser torcedor na infância pela influência dos times
cariocas em Florianópolis e pela concorrência dos amigos que eram
torcedores de Flamengo, Vasco e Botafogo.
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Apesar de ser Avaí de coração, Filé adotou o Fluminense como time para jogar botão nos anos 50 em Florianópolis. Recortava escudos do Flu que vinham em jornais da época para estampar nos botões
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O menino Luiz também se
destacava nos campos de futebol desde pequeno. Nas proximidades
existiam dois times de várzea (o Juventude e o Ipiranga) e ele jogava no
aspirante de ambos. O Juventude era comandado pelo pai do amigo Nilmar,
então a amizade com ele estreitou-se nessa época. O mesmo aconteceu com
o Oberdan, amigo que os recebia em sua casa para as partidas de futebol
de botão, no piso do chão da casa. Este, nem tão privilegiado no
futebol em razão de pneuzinhos a mais na barriga, garantia sua presença
no time de futebol dos meninos menores (o glorioso Banguzinho) por ser o
dono da bola de capotão e por se disponibilizar a ser o goleiro nas
partidas.
Para identificar seus botões, o pequeno Babá desenhava
o escudo nos botões com canetas de tinteiro e colocava os nomes dos
jogadores. Com o passar do tempo, já fazia suas próprias mesas com
compensados encontrados na rua e os serrava para deixar no tamanho
desejado, recortava os escudos encontrados do Fluminense e os números
nos jornais locais, bem como aprendeu a lixar seus botões com vidro ou
gilete. As bolinhas tinham as mais diversas fontes: as preferidas eram
aquelas feitas com o papel dourado ou prateado que vinham nas embalagens
dos cigarros mais renomados da época, mas também vinham das bolinhas
dos rosários e até de pequenos frutos das árvores.
As traves eram
produzidas com pequenos pedaços dos compensados, usando arames e
tachinhas de sapateiro para fixar a rede de filó, e na época eram
menores do que aquelas hoje utilizadas na regra Dadinho.
E para
fazer os goleiros derretia chumbo em lata de cera parquetina (crianças
lendo este artigo jamais tentem repetir em casa!) para colocar dentro
das caixas de fósforos. O chumbo era obtido com seu pai que
trabalhava na imprensa oficial em Florianópolis e abastecia com os tipos
(letras de chumbo) não mais utilizados na impressão tipográfica.
Alguns
anos após perder seu pai, então com 50 anos, veio a mudança para
Curitiba. No ano de 1959, já adolescente, Luiz Carlos desembarcou com
sua família em Curitiba, em um gelado inverno da capital paranaense
onde, dia após dia, a água da chuva escorria nas vidraças da janela de
sua casa no bairro Prado Velho. Nesses dias, a vontade era grande de
voltar embora para Floripa.
Mas o tempo foi passando e os jogos
com seus famosos botões de casaco agora eram com seus sobrinhos Renato,
Serginho e César, além, claro, dos novos amigos na vizinhança, até que
um dia, numa ida ao antigo Canal 12 (inaugurado alguns anos antes e hoje
a RPC, na época sediado na rua Emiliano Perneta), para assistir a um
programa produzido naquele canal todos os sábados pela manhã, conheceu o
cantor, ator e apresentador de programas Agacir José Eggers. E foi por
intermédio de Agacir, que havia criado a Federação Paranaense de Futebol
de Mesa um ano antes (em 1963), que chegou o convite para jogar em sua
casa, na Rua Isaías Régis de Miranda, 2978, bairro Boqueirão (endereço
oficial da Federação Paranaense por décadas), onde já rolavam os treinos
e torneios da federação, com uma grande turma, em plena época de
revolução no país. Os jogos eram disputados em enormes mesas que jamais
tinha visto (muito próximo do tamanho do que hoje é praticado na
modalidade 1 toque) e com jogadores bem maiores que os seus botões, a
maioria feitos de lentes de relógio e de botões grandes de roupas.
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Um dia no canal 12 em 1964: início da amizade com Agacir
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O
episódio do Canal 12, que valeu o início de uma grande amizade com
Agacir, presidente da Federação Paranaense de Futebol de Botão, foi
marcante para Filé. O local onde hoje funciona um estacionamento era
palco do programa Clube do Capitão Furacão, estrelado por palhaços do
Circo Queirolo (irmãos Lafayete e Sérgio Queirolo) e lá foi Filé
assistir ao vivo, dentro do estúdio, em um sábado de manhã.
Também
eram da turma, na época, o irmão de Agacir (João Carlos), além de
Juarez Bussato, Luiz Martins e o pai dele (Roberto Marques), Newton
Pacheco e seu irmão Junior, Roberto Ferreira, entre outros. Lembra,
ainda, como grande incentivador dos esportes amadores (entre eles o
futebol de mesa), o jornalista Nelson Commel, que inclusive prefaciou o
livro escrito por Agacir sobre o futebol de mesa.
A regra, na
época, era conhecida por “seguidinha” (uma espécie de “toque-toque” ou
“leva-leva”) e a bola já era de feltro. Já os botões ou eram de roupas
que compravam numa loja chamada Jerusalém (hoje seria ao lado das Lojas
Americanas, na Rua Ébano Pereira), ou lentes de relógio que compravam ou
recebiam em doação em lojas judaicas antigamente conhecidas por
fornituras, que ficavam na Rua Riachuelo, no Centro da cidade, nas quais
também se trabalhava com consertos de relógios. O dono dessas lojas,
quando procurado por Filé, já ia logo dizendo: “Eu não tempo! Entra lá
no fundo (onde ficavam as caixas com as lentes retiradas dos relógios
consertados) e escolhe o que vocês querem!”
Já as premiações eram
adquiridas na loja Kalil Sports, administrada pela mesma família até
hoje, cuja fábrica fica em Almirante Tamandaré/PR (região metropolitana
de Curitiba). Lembra Filé, inclusive, que um dos filhos do pioneiro
Karan - Kalil Karan Filho - foi um dos bons árbitros de futebol no
Paraná.
A amizade com Agacir durou décadas e foi dessa época que
surgiu o apelido “Filé”. Agacir tinha um irmão chamado João Carlos e
ambos costumavam tratar os novatos no futebol de botão (que ali
jogavam em meio de semana a noite e aos sábados) como “filezinhos” e eis
que o filezinho da vez era o jovem Luiz Carlos, agora o Filé!
Filé
agora morava no Prado Velho, perto do glorioso time do Ferroviário, mas
não media esforços para sempre jogar no Boqueirão. Além disso, era o
braço direito do presidente da Federação, carregando com um Toyota (da
Viação Cometa – onde Filé trabalhou por 40 anos) as enormes mesas para
todos os locais onde as competições eram realizadas, geralmente os
locais onde Agacir trabalhava e tinha a iniciativa de promover o
esporte. Filé ajudava a divulgar o futebol de botão, distribuindo
panfletos em ônibus e bares em Curitiba.
Uma interessante
diversidade nos botões e formas de jogar marcavam aquela época: lembra
do amigo Leoni que jogava com o dedo, uns jogavam com botões de roupas
como o jovem Filé, outros como Newton já usavam lentes de relógio. E
chegou um momento que todos passaram a aderir às lentes e, para
enfeitá-las, a moda era colar durex ou fita isolante e pintá-las, no
que, para tanto, teve importante colaboração de sua irmã Lenita com os
esmaltes que ela utilizava.
Anos depois, com as idas e vindas do
amigo Agacir para São Paulo, começaram a conhecer botões diferentes e,
aos poucos, foram implementando isso em Curitiba. Filé ainda mantém,
como relíquia, um botão de acrílico fabricado pelo famoso artesão
Lourival Lima, quando esteve em São Paulo e permanecia horas na fábrica
dele, do Seu Marcelino e também na fábrica de botões Brianezi.
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Filé ainda guarda vários jogadores da época dos botões de casaco. O jogador amarelo foi confeccionado pelo saudoso artesão Lourival Lima, de quem era amigo. O time passou a ser o seu oficial nas disputas
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Os maiores botões goleadores de Filé: Maradona (mais de mil gols) e Rummenigge (oitocentos gols) |
A
regra “seguidinha” manteve-se por vários anos até que, em uma das
viagens para o interior de São Paulo, no início dos anos 80, o amigo
Agacir conheceu um botonista chamado Batman (no Vale do Paraíba) e de lá
“importou” para a capital paranaense a regra 8x2 com lançamento (pra
chutar a gol somente poderia ser no primeiro toque do botão que recebia o
lançamento) e utilizando o palmômetro para medir os lances fechados. A
regra 8x2 foi utilizada nos torneios da federação paranaense por
aproximadamente 10 anos.
Dessas indas e vindas do amigo Agacir
para São Paulo, os botonistas paranaenses tiveram a oportunidade de
receber os paulistas para um belo torneio no ano de 1982, no clube
Círculo Militar do Paraná, entre eles o Delatorre (presidente da
Federação Paulista de futebol de mesa) e aquele que é considerado o pai
do futebol de botão no Brasil – Geraldo Decourt – o qual aproveitou a
passagem por Curitiba para participar, pois naqueles dias tinha aceito o
convite de uma turma de Brusque e Blumenau que jogavam a regra um toque
gaúcha para visitar os catarinenses. Após o torneio (disputado no
individual e por equipes), lembra que a confraternização com os
paulistas foi no Restaurante Madalosso em Santa Felicidade onde
sentou-se ao lado de Decourt para uma longa conversa e dali surgiu uma
grande amizade. Teriam ali plantado a semente do Brasileiro de Equipes?
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1. Newton, 2. Decourt, 3. João Carlos, 4. DellaTorre, 5. Filé, 6. Domingos Varo, 7. Agacir José, 8. Antonio Sambaqui, 9. Edmundo Barbosa, 10. Harutium Muradiam, 11. Oscar, 12. Junior |
Filé lembra que, tempos depois de conhecer Decourt, chegou a
visitá-lo algumas vezes em São Paulo/SP para alguns cafés, bons papos e
belas partidas de futebol de botão. Nunca esquecia de levar o abraço do
compadre Evangelino, presidente do Coritiba na época, que batizara a
filha dele. Filé diz que Decourt era um verdadeiro poeta.
No
final da década de 1980, quando Agacir deixou o comando da federação
paranaense, os botonistas de Curitiba ficaram um pouco nômades.
Receberam um local para reuniões (FEDAP) na Praça Espanha, onde havia
uma mesa que jogavam. Depois, jogaram um certo tempo no Centro de
Criatividades, no Parque São Lourenço. Nessa época, Filé relata, já
existia em Curitiba, também, um grupo de botonistas que jogavam futebol
de botão com dadinho com quem tinha contato (Sylvio Gil, Almo, etc). E
até a garagem da casa de sua irmã – Lenita - virou palco de treinos e
competições por volta de 1985, inclusive o local foi citado em matéria destacada
sobre o futebol de botão na Revista Placar de 26 de janeiro de 1987,
onde foram colhidos depoimentos do amigo Agacir e de outros botonistas
de todo o Brasil.
Filé jura que na casa de sua irmã Lenita
jogavam aos sons de um pássaro preto que cantava o hino nacional e a
famosa música “Ilariê”. Os jogos aconteciam todos os sábados e ali
surgiu o botonista Jackson (hoje no Canadá). Além do irmão da anfitriã e
dos irmãos Agacir e João Carlos, também jogavam no local o Antônio
(clínico geral atualmente), Petrelli e os guris André e Rodrigo, sem
esquecer claro do Marco Antônio, botonista que vinha sempre de Londrina
para prestigiar as pelejas no Santa Quitéria.
Em 1989 os
paranaenses se aventuraram na disputa do 1º Campeonato Brasileiro de
Futebol de Mesa, realizado no Clube Indiano, em São Paulo/SP, onde então
conheceram a modalidade 12 toques (a regra paulista). Filé foi um dos
privilegiados em participar da histórica edição e se lembra com carinho
da disputa do 1º Brasileiro de Futebol de Mesa, onde esteve ao lado dos
curitibanos Agacyr, Nei Queiroz, Jackson, Mauro, Daniel Fava e Pedro
Maiucci (além de Silvio Macedo que apenas assistiu aos jogos e foi
eleito pelos companheiros como técnico da delegação de Curitiba), dos
londrinenses Marco Antônio, Juquita, Zé Luiz e Lauro, além de uma turma
de botonistas de Santo Antônio da Platina/PR, liderados pelo botonista
“Bombeiro”, que lá jogavam a regra 3 toques. Recorda que os botonistas
curitibanos obtiveram patrocínio para despesas de hospedagem e
combustível, fato que possibilitou a participação no evento.
E lá
partiram os botonistas da capital paranaense em uma Caravan do amigo
Agacir. Aprenderam a regra na manhã do sábado (primeiro dia de
competições) para poderem estrear em seu primeiro campeonato brasileiro,
instrução essa realizada por dois paulistas: Dellatorre (que estava
presente no torneio de 1982 disputado no Paraná) e Pulguinha, este
último que ficou com Filé explicando pacientemente as nuances da regra
que era novidade para os paranaenses. O primeiro jogo de Filé na
história dos campeonatos brasileiros terminou em vitória contra William,
então jogador do Maria Zélia (atualmente joga pelo Avaí/SC).
Uma
curiosidade desta primeira edição do Campeonato Brasileiro de 12 Toques
– relembra Filé – é que os paranaenses tinham o costume de vibrar na
hora do gol, diversamente do que ocorria em São Paulo. Em solidariedade à
participação paranaense na competição, o então presidente da Federação
Paulista, durante o congresso de abertura, foi ao microfone e liberou a
vibração dos botonistas na hora dos gols.
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Matéria de jornal do 1º Campeonato Brasileiro de 12 Toques, disputado no Clube Indiano em São Paulo
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Nessa mesma época, ali
no final dos anos 80, Filé teve uma grande experiência de jogar futebol
de botão por um tempo no Coritiba, no Estádio Couto Pereira, onde o
amigo Agacir trabalhava como jornalista nas reportagens do futebol do
clube, ocasião em que receberam o convite do pessoal de São Paulo para
participar do 1º Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa. Era a gestão
do presidente do Coritiba – Baynard Osna - época em que obtiveram o
espaço com o grande apoio do diretor Gerson e incentivo do diretor
Hungria na manutenção do local.
Aproveitando a oportunidade do
espaço cedido no Couto Pereira e com o patrocínio na época cedido pela
empresa de ônibus Graciosa (que já fazia linhas de transporte no litoral
paranaense), foram compradas 20 mesas oficiais em São Paulo, adquiridas
pelo amigo Agacir, quando então abandonaram as antigas, já deterioradas
e enormes mesas que durante anos resistiram aos incontáveis treinos,
torneios e deslocamentos, além do que era comum os botonistas sentarem
sobre as mesas para chutar a gol, em razão do tamanho maior que
possuíam.
As novas mesas em tamanho oficial como hoje (para
modalidades 12 toques e Dadinho) vinham cada uma com um par de traves e
os goleiros em uma caixa de madeira que ficava debaixo das mesas.
Filé
se recorda que o espaço no Coritiba ficava no local onde funcionava o
antigo museu e estava abandonado, onde hoje está a churrascaria
Churrascão Alto da Glória. O local recebeu uma bela limpeza e ali foi o
palco do futebol de mesa de torneios federados por um bom tempo,
inclusive do primeiro campeonato máster de futebol de mesa na capital
paranaense.
Mas um “belo” dia encontraram a porta do espaço
cedido trancada, uma das tristes consequências do histórico episódio da
queda do Coritiba para a segunda divisão do futebol brasileiro em 1989,
quando foi punido com um rebaixamento após se negar a disputar a partida
contra o Santos em Juiz de Fora/MG no dia e horário estipulado pela CBF
(o Coxa pleiteava que o jogo fosse no mesmo horário do jogo do Vasco
que com ele concorria por uma vaga na segunda fase da competição). O
incrível é que o Coxa perdeu o mando dessa fatídica partida por ter um
torcedor do próprio alviverde agredido o ídolo do clube - goleiro Rafael
Cammarota - que defendia o Sport naquela época em partida disputada no
Couto Pereira. O fechamento da sala se deu por conta de divergências com
a presidência e publicações críticas feita por botonistas que também
jogavam no local.
Com a experiência obtida no Campeonato
Brasileiro de Futebol de Mesa em 1989, disputado em solo paulista na
modalidade 12 toques, a regra então utilizada no Paraná foi passando por
alterações e quando Agacir se afastou (foi morar em Caxias do Sul/RS),
Filé e os botonistas da capital paranaense decidiram implantar em
Curitiba a regra 12 toques dentro da federação. Filé lembra ainda das
palavras do amigo Agacir, quando tempos depois retornou do Rio Grande do
Sul e soube da troca de regra, disse que jamais o perdoaria por ter
implantado a regra paulista na federação paranaense.
Depois, no
início dos anos 90, veio a gestão de Paulo Albuquerque, com a realização
de grandes torneios, como o famoso campeonato na Praça Oswaldo Cruz
(onde Filé conheceu o amigo Nilson) e o primeiro Campeonato Brasileiro
realizado em Curitiba.
Filé também ajudou a construir uma bonita
fase do futebol de mesa nos anos 90 em São José dos Pinhais/PR, na
região metropolitana de Curitiba, graças ao apoio de Gastão Adalberto
Vogeral que era proprietário de um barracão de jogos de sinuca e era
amante do futebol de botão na cidade. Foi ali que começaram a jogar
grandes campeões nacionais do futebol de mesa como Nilson Rodrigues, seu filho
Robertinho e Dalla Stella. Logo vieram as competições por equipes,
idealizada por Nelson Sachs e com o tempo a região viveu a época mais
áurea em número de equipes de futebol de mesa: Barracão, AABB (Jackson),
APCEF (Almo), Dom Pedro II, Atlético/PR, Clube Morgenau, Santa Mônica,
Botões e Manias (Fábio Machado e Dilson), etc.
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Filé jogou pelo Círculo Militar de Curitiba nos anos 90
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Filé jogou ali por
bastante tempo, depois se seguiram bons tempos no Círculo
Militar de Curitiba (onde teve a oportunidade de jogar com novamente com
o amigo e supercampeão nacional Nilson), na Igreja Nossa Senhora de
Lourdes (Jardim Botânico), no Velódromo, novamente na casa de sua irmã,
enfim não faltavam lugares.
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Filé entrega premiação para Marcelo Maia em competição nacional em São Paulo/SP nos anos 90
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Filé participou com o ídolo do basquete - Oscar - de Copa do Brasil nos anos 90
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Filé disputa partida com Van Horia - companheiros na época do Círculo Militar
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Filé recebe premiação de Geraldo Atienza em Campeonato Brasileiro no início dos anos 90
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Chegaram os anos 2000. Filé ajudou a
organizar um projeto com várias crianças, época que jogavam no SESC do
bairro Água Verde. No entanto, logo ali próximo veio o Supermercado
Angeloni, onde também foi aberta um lan house, e a molecada foi toda
seduzida pelos jogos de computador, deixando o futebol de botão de lado.
Realmente a concorrência com os jogos eletrônicos é uma realidade desde
o final dos anos 80, mas acredita Filé que as crianças seguem no
esporte quando incentivadas e levadas pelos pais.
Filé também
promoveu belo projeto no Colégio Bagozzi em Curitiba, ao lado do
botonista Marco Antônio, a quem credita já ter feito muito pelo futebol
de mesa na capital paranaense, especialmente qunado veio de Londrina
para Curitiba e fundou o clube Arsenal.
Nos anos de 2004 a 2006
Filé viveu o céu e o inferno no futebol de botão. Após presidir a
Federação Paranaense de Futebol de Mesa no biênio 2004-2005, época em
que organizou o Campeonato Brasileiro de 2005 em Curitiba, Filé
abandonou o futebol de botão em 2006, por aproximadamente 5 anos.
E
ao retornar, aceitou convite do grupo da modalidade Dadinho, recém
estabelecido no Clube Dom Pedro II e organizado por Almo (então campeão
brasileiro da modalidade), Sylvio, Marcelo e Alexandre Macieira. Logo no
primeiro treino acertou dois belos gols praticamente da linha de fundo o
que reacendeu a chama da grande paixão de sua vida – o futebol de
botão!
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Filé iniciou no Dadinho em 2011 - foto do Campeonato Paranaense de 2011
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Desde então, Filé atua pelo clube Bangu de Curitiba, clube
federado no Paraná, e em 2021 completará 10 anos no clube e na
modalidade Dadinho, na qual já conquistou títulos, inclusive em sua
terra natal, onde levou o título da I Copa Continente, torneio promovido
no Shopping Continente, em Florianópolis, no ano de 2018. Além disso,
nos últimos anos, também vem atuando na regra da pastilha, modalidade
que veio conhecer apenas recentemente, inclusive sendo homenageado em
torneio disputado no mês de outubro na prestigiada Liga das Araucárias,
no qual sagrou-se vice-campeão.
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Filé conquistou o título da 1ª Copa Continente em 2018
| em sua terra natal
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Participantes da 1ª Copa Continente de Dadinho em Florianópolis
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Filé em torneio da modalidade pastilha promovido pela Liga das Araucárias de Curitiba
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Por fim, não poderíamos deixar de
destacar o CT do Filé, no qual anualmente recebe os botonistas do
Dadinho, no fim da temporada, para a já tradicional Copa da Superliga de
Curitiba (competição que reúne os 8 melhores botonistas da Superliga no
ano), época em que sua casa está especialmente decorada para as festas
natalinas.
Podemos concluir que é um privilégio para o grupo do
Dadinho, e agora também para a turma da pastilha, ambos em Curitiba, terem em
seu meio esta grande enciclopédia do futebol de botão paranaense, nosso
querido Filé!